Há sempre coisas que por vezes acontecem e por serem algo que escapa um pouco à suposta normalidade vigente, são consideradas excêntricas. É desta fuga inexorável aos padrões inculcados à força na cabeça das pessoas, que vou escrever hoje: Vata Matanu Garcia.
Estava-se quase a iniciar a época de 1988 1989 quando o Benfica sofre o primeiro ataque, de escala quase nuclear, ao seu património humano que eram os seus jogadores. Rui Águas e dito tinham sido contratados pelo porto de uma forma leve e rápida.
Rapidamente, o Benfica acabou por colmatar a perda do central com a contratação de Ricardo Gomes. No final da época, aposto que todos os Benfiquistas acabaram por dizer um grandíssimo obrigado ao papa do norte por tal coisa ter feito... É que Ricardo foi o melhor central que, na minha opinião, vi jogar até hoje.
Mas no ataque, a coisa tornou-se difícil. Tínhamos Magnusson e foram contratados Lima, Ricky, Abel e regressou também César Brito... Também foi contratado, ao
varzim um tal de Vata... Mas o fantasma da perda de um ícone, que também era filho de outro ícone, elevou a fasquia a alturas difíceis de conseguir atingir para muitos dos avançados... E O Benfica tinha ido contratar um tal Vata ao... Varzim? WTF!!!
Era possível o Benfica ter uma frente de ataque concretizadora, quando se ficava com a ideia de que todos aqueles avançados só valiam metade do outro que nos tinha sido subtraído pelo porto? Pelos vistos sim! Dêem uma olhada
nesta entrevista de 2015:
Vata, nascido a 19 de Março de 1961 em Damba / Angola, tinha uma forma de estar muito própria. Trabalhava e fazia o que podia para marcar golos e depois ia à sua vida. Ele é um dos melhores exemplos do que é ser um anti-heroi e viver bem com isso. Não tinha tiques de vedetismo, não usava caneleiras, a camisa estava sempre de fora tinha uma calma dentro de que até irritava...
Mas começou a marcar golos e por isso o Benfica ganhou muitos jogos. No campeonato de estreia, 1988 1989, os golos de Vata valeram nove pontos ao Benfica. Não são muitos? Bem se pensarem que o segundo classificado ficou a sete...
Esses golos valeram nove pontos ao Benfica e o título de melhor marcador do campeonato. O Angolano acabou a época com dezasseis golos em vinte e sete presenças na competição (1833 minutos). Ele foi o melhor marcador com menos golos marcados...
Na época seguinte, e com a vinda de Eriksson, Vata foi um pouco secundarizado. Magnusson tornou-se o artilheiro da equipa e o Angolano ficou-se pelos dez golos no campeonato. Mas acabou por dar mais uma prenda a todos os Benfiquistas ao marcar o golo solitário da vitória do Benfica sobre os franceses do marselha. E que prenda pois significou mais uma ida do clube a uma final da prova máxima da uefa.
Marcou esse golo com a mão, após ter sido agarrado, placado e puxado. Os franceses apelidaram esse golo de
um traumatismo na história do futebol francês... Traumatismo! Boa...
Nessa época, acabou por fazer dezoito golos em jogos do campeonato, da taça de Lisboa, super-taça e taça dos campeões europeus. 1896 minutos de um esplendor mais brando mas de utilidade máxima.
Em 1990 1991, e com o regresso de Rui Águas, a contratação de Isaías e a ascensão de César Brito, Vata terminou o seu percurso de jogador do Benfica.
Apenas apareceu em doze ocasiões e marcou por três vezes. E três golos, em cerca de 630 minutos de utilização, que valeram quatro pontos ao Benfica... A sua última aparição de emblema ao peito foi a 27 de Janeiro de 1991, durante os últimos vinte e cinco minutos do jogo frente ao penafiel (referente á vigésima segunda jornada do campeonato).
Diz-se, deste jogador que tinha o tique de dizer golo antes de os marcar, que não há consensos acerca do seu valor. Parece difícil escolher uma das seguintes etiquetas: bom, médio ou mau; para o catalogar. Mas sabendo que um campeonato e uma ida à final da champions, estes dias não é algo de fácil concretização...
Vata foi um dos guerreiros aplaudido depois do seu fim de estadia, um anti-herói que nunca se rendia qualquer que fosse a história. Hoje, quando a rolha está muito apertada e não quer saltar nem por nada... Aposto que Vata regressa à memória
Há golos que... Aos 52 segundos, o guarda-redes sérgio (do sporting) bem que tenta encontrar a bola... Um autêntico rato de área este angolano, estava sempre lá à espera, a bola só tinha de vir para onde ele estava.
Muito agradecido Vata.
E Pluribus UNUM