A Nossa Formação Deve Atacar

É uma questão que não gera consensos no seio da massa adepta encarnada: Qual o valor da formação no presente e futuro do Sport Lisboa e Benfica.

O Futuro do presente do Benfica

Confesso que não tenho seguido a prestação destes jogadores de forma tão ávida como sigo a equipa principal do nosso clube. Assim deleito-me a ler as opiniões que vão surgindo na blogosfera encarnada, onde não consigo observar uma corrente de pensamento mas sim uma situação de marés vivas.

O que num clube como o Benfica até é normal, não estejamos nós com eleições à porta e com a equipa principal a ser treinada por um treinador que não tem o apoio unívoco de todos os Benfiquistas (até eu por vezes lhe aponto a metralhadora...). Tenho pena daqueles que atiram a equipa B para a mesa/frente de batalha só como se ela fosse uma arma de arremesso para visar treinador e direcção do Benfica. Depois, ao primeiro erro apedrejam estes rapazes, como sempre fazem esquecendo-se que há uns dias atrás os tinham colocado num suposto pedestal...

Tenho em mente que a formação de jovens talentos do Benfica não tem sido bem sucedida. Confesso que a maior parte do universo Benfiquista, tal como eu, só terá reparado nela aquando das brilhantes conquistas de Carlos Queirós, quer em Riade quer em Lisboa. Até aí não me lembro de grandes jogadores que tenham saído da nossa formação.

Depois dessas duas conquistas, O Benfica ficou com um grupo de jogadores a quem se perspectivava um grande futuro, e desculpando-me desde já se me esquecer de algum, ei-los:
Bizarro, Brassard, Rui Bento, Paulo Madeira, Pedro Valido, Abel Silva, Paulo Sousa, Rui Costa e Gil, certo? Destes, e valha a verdade, poucos conseguiram… Muito poucos.

Uns conseguiram, outros nem por isso

Se Rui Bento foi apelidado de “picolo Baresi” por Eriksson, logo foi trocado por João Pinto. Paulo Madeira ainda teve as suas oportunidades em dois períodos diferentes mas não era Mozer, Ricardo, Aldaír e muito menos Humberto. Abel Silva idem, em 93 94 teve a sua hipótese mas não tinha valor para destronar Veloso e… Abel Xavier! Valido nunca foi visto, criticou Eriksson por nunca lhe ter dado oportunidades. Gil, enfim… Nem tenho recordações algumas dele.

Ficamos com Paulo Sousa e Rui Costa. Sousa pisgou-se por causa do dinheiro, foi para os verdes e depois conquistou a Europa até se deixar arrastar por equipazecas e ter sido capaz de ir ao mundial do sol nascente onde, estropiado fisicamente, andou a aquecer o banco! Um final pouco digno para um dos melhores médios centro da história do nosso futebol.

Rui Costa é de longe o melhor jogador a ter sido criado pela formação do Benfica. 

O Maestro

Em 1990 1991, Eriksson, sabendo que ali tinha algo, observa Rui a rodar no Fafe e no final dessa época vê com olhos de ver o nosso maestro a apurar a selecção de sub-21 para a final através de um golo portentoso frente à Austrália. Depois repara na frieza com que marca a última grande penalidade no desempate da final frente ao Brasil. Rui Costa joga 3 épocas na equipa principal parte à conquista de Itália de onde regressa a casa para acabar sem títulos mas com enorme glória frente a um estádio cheio que se ajoelhou a seus pés e lhe agradeceu.

E pronto, formação mais nada! Sim, eu não me esqueci do Paulo Lopes, do Kenedy, do Sousa, do Toy, do Edgar, do Maniche, do Hugo Leal, do Bruno Basto, do José Soares, do Veríssimo, do Bruno Caíres, do João Pereira ou do Manuel Fernandes, entre outros.

Eram para ser...

O Paulo Lopes não teve grandes hipóteses, Preud’Homme… O Kenedy também tinha tudo para dar em jogador, começou em grande com Toni mas a coisa não funcionou. Sousa marcou ao Sporting mas algo falhou. O Toy era potente mas não lhe deram seguimento e ele guardou ressentimentos que despejou com uma pitonada no Javi a época passada. O Edgar teve o azar de ter despontado no consulado VeA, foi para o estrangeiro para se lesionar e Kaput. Maniche perdeu o rumo e foi até ao norte tentar provar algo, tal como Moutinho quis e quer sair e… Hugo leal também era para ser O globettrotter mas algo o fez colidir com o clube e foi até Espanha depois até ao norte e acabou no Sado. Bruno Basto tentou ir a França e mais um eclipse precoce. José Soares também era para ser e acabou em Badajoz. Veríssimo mais do mesmo (agora está em casa e pode ser que erros de outrora não voltem a ser cometidos). Caíres fez uma boa 1ª época mas depois saiu, lesionou-se e acabou por ir para os verdes e… João Pereira também entrou em faísca com o Benfica, foi ao norte veio ao sul e está em Espanha. De Manuel Fernandes sempre esperei que tivesse os pirolitos bem orientados. Era uma potência de força e de inteligência mas o que ele queria era, tal como o Miguel: Party all night baby.

Muitos nomes, muita expectativa e tudo acabou por se transformar em grandes montanhas que acabaram por parir… Na verdade só dois singraram… Só um valeu a pena ao nosso clube… Muito pouco para o gigante Benfica… É que deve ser mais rentável gastar dinheiro com as camadas jovens e ir contratar jovens ao estrangeiro, digo eu?

O que é certo é que, esta época, os resultados da equipa B estão a entusiasmar. 

Certo é que há poucos jogadores Portugueses no plantel principal. Mais do que certo é que a aposta sistemática em jogadores estrangeiros, que saem completamente furadas, colide com uma suposta estratégia de formação de um clube. Depois é ver descontentamento entre as massas.
Mas podemos ter certeza de que os jovens que se seguem, emprestados ou na equipa B, serão os senhores do futuro?

Não é líquido que eles sejam já certezas, ninguém o pode afirmar! Se assim fossem já estariam no plantel principal! Já? Estariam mesmo lá? Quem é que o pode afirmar com toda a certeza?
Na minha opinião há algo que leva a que JJ não tenha tanta confiança a apostar nestes jovens. Por vezes, tal como Eriksson fez com Paulo Sousa, Paulo Madeira, Rui Bento e Rui Costa, é necessário aquilo a que Indiana Jones chamou “leap of faith” (no filme I.J. e a Grande Cruzada). A coisa pode resultar e pode não resultar, mas isso é como tudo na nossa existência.

O Futuro também depende deles.

Não sei se JJ o não faz porque não tem a certeza de que eles já estejam prontos para assumir um lugar no plantel, se não vê nenhum futuro neles, ou, como se diz por aí, porque não terá direito a uma comissãozita. O que é certo é que na época passada, alguns foram sendo lançados e ficaram indicações.

Por vezes dá-me a sensação que na cabeça de algumas destas jovens esperanças, quando têm a oportunidade de se mostrar, vai toda aquela pressão inerente ao seu status. A sistemática aposta em jogadores estrangeiros também vai a reboque e as coisas acabam por não resultar como todos decerto gostariam.

Roderick pouco jogou na sua posição, JJ quis ver se o puto funcionava à la Javi Garcia. O David Simão não teve a mínima hipótese com o trainer do Benfica mas foi ganhar a taça de Portugal pela Académica. Nélson Oliveira foi lançado a medo por JJ, até foi ao Europeu e face ao que temos no momento, é capaz de ser o melhor ponta de lança Português. Luís Martins teve uns minutos no final da época passada mas parece que não convenceu. O André Almeida foi repescado ao Leiria para fazer de Maxi quando ele é médio... Muito incongruente a estratégia de...

Estas situações dão a ideia de que o treinador da equipa principal necessita que os jovens sejam jogadores feitos à nascença. Estes jovens, quase todos, ainda não tiveram hipóteses de errar. Não diz o povo que a errar é que a malta vai aprendendo! Sob a orientação de Norton de Matos não têm existido grandes erros...

Equipa Técnica do Benfica B: Nélson Veríssimo, Norton de Matos, Fernando Ferreira e António Alves

Penso que é altura de JJ ter a tal coragem em apostar nas jovens promessas. Tal como conseguiu acordar jogadores como Di Maria e Coentrão, redefinir David Luiz e esmerar o Cardozo; JJ pode também dar uma hipótese a si próprio de se vir a gabar daqui a algum tempo por ter apostado em 2 ou 3 jogadores que se vieram a tornar em certezas inquestionáveis. Desta forma, irá derrotar a ideia de que se trata de um treinador com hábitos de treinar equipas de segunda que calhou vir a treinar um colosso.

Não há que ter receio, nem por parte de JJ nem por parte da direcção nem mesmo por parte dos jogadores. Podem chamar treta á frase “o futuro aos jovens pertence”, mas essa é que é essa… O futuro depende do que direcção, equipa técnica e jogadores queiram fazer. São 3 blocos distintos mas como diz a premissa do nosso clube “E Pluribus Unum” porra! Avante Benfica.

Se saírem 2 ou 3 grandes jogadores desta equipa B, a vitória desta formação já será fenomenal. No entanto confesso que dá a sensação de poderem ser mais do que os meros 2 ou 3. Veremos não é?

Como disse no início, parte da blogosfera Benfiquista tem tecido rasgados elogios a alguns jogadores. Eles que dêem o tal passo em frente, isto é que continuem a jogar com a alegria vibrante com que jogaram contra o Belenenses (e contra os gregos), até pareceu que estavam a voar; e o Belenenses vinha de 3 jogos e 3 vitórias…

Nem todos podem ser jogadores e/ou treinadores galácticos: Só se tornam em tal, aqueles que tentam e nunca o são aqueles que ficam parados… Como é agora?

P.S: Bem, agora que Saviola já não nos vai encantar, parece-me que Mora entrava que nem uma luva no plantel. Qualidade vi-lhe muita na pré-época, notei que não andava ali a brincar: De pequena estatura mas com um faro pela bola e uma codícia pela baliza…

Será este mais um Urreta? É que se Kardec vai para a equipa B, o plantel principal poderia ficar com os seguintes atacantes: Cardozo, Rodrigo, Lima e Mora.

P.S.1: O Benfica perdeu recentemente dois tremendos símbolos que engrandeciam aquilo a que gostamos de chamar mística mas que poucos devem saber o que é.
Falo de Fernando Lavado e José Gonzalez de Oliveira. Fernando era responsável pelos jovens na Formação do Benfica. José era o sócio número um do Benfica.

Que descansem

E PLURIBUS UNUM