sábado, 23 de março de 2013

Jogos Imortais: Sport Lisboa e Benfica 5 Boavista 2

Foi um jogo inesquecível...

O Sport Lisboa e Benfica jogou com um grupo de jogadores inesquecível. Num estádio que querem que seja esquecido. Tudo torna a partida em algo que vale a pena relembrar sempre que a memória o quiser.
Os principais quinze artífices de uma brilhante vitória
Era o final de uma época confusa no futebol Português. Confusa porque uma equipa de imperadores do futebol, não tinha conseguido ser campeã...

Como podem recordar neste post, a qualidade e quantidade eram vastas no plantel construído por Jorge de Brito mas, mesmo assim, só se conquistou a Taça de Portugal...

Para chegar ao Jamor, o Benfica teve de defrontar e derrotar os seguintes adversários:

4ª Eliminatória (29 de Novembro de 1992): Louletano 0 Benfica 1 - Golo de Pacheco.
5ª Eliminatória (27 de Dezembro de 1992): Rio Ave 1 Benfica 3 - Golos de Kulkov, Hélder e Paneira.
8ºs de Final (1ª partida a 17 de Janeiro de 1993): Porto 1 Benfica 1 - Golo de Mostovoi.
8ºs de Final (2ª partida a 27 de Janeiro de 1993): Benfica 2 Porto 0 - Golos de Isaías e Yuran.
4ºs de Final (3 de Fevereiro de 1993): Benfica 5 Amora 0 - Golos de Mostovoi, Pacheco, Yuran (2) e Sousa.
Meia Final (6 de Maio de 1993): V. Guimarães 1 Benfica 2 - Golos de Isaías e Rui Águas.
E a 10 de Junho de 1993, Benfica e Boavista (de Manuel José) apresentaram-se no Jamor. Os axadrezados tinham uma equipa muito boa e eram os detentores da Taça (venceram o Porto por 2-1 na época anterior). Jogadores como Marlon, Artur e Ricky, metiam respeito até porque o Boavista, para chegar a esta final, tinha eliminado equipas como Setúbal, Braga e Sporting, entre outras.

Por tudo isto, o jogo era encarado como uma partida de grande qualidade... E de muita luta.
E foi uma grande primeira parte do Benfica que somente ficou beliscada por uma desconcentração de Mozer...

Até aí, o Benfica fez um jogo de grande paciência pois Manuel José teceu um xadrez complicado mas a equipa começou a ser uma espécie de relógio, com passes certos entre jogadores em constante rotação. Aliás, a jogada do primeiro golo é disso exemplo:
No segundo golo, é Futre quem desmancha o lado direito da defesa do Boavista e centra para a cabeça de João Pinto aumentar a vantagem.
Festejos após o segundo golo
Na segunda parte, e muito por culpa do golo sofrido, Toni terá alertado os jogadores para não se meterem em aventuras. Para jogarem no erro do adversário, mantendo um bloco muito sólido a meio-campo. Estarem atentos nas compensações e serem rápidos e certeiros a endossar a bola.
Vítor Paneira já tinha passado a primeira parte a compensar Paulo Sousa ou Rui costa quando os dois compensavam as subidas de Futre. Na segunda parte fez mais do mesmo. Rui águas também recuava bastante para compensar as subidas de Rui Costa e as não descidas de João Pinto.

Num recuo desses, Águas, com rapidez e precisão, endossou a bola a Futre que com uma arrancada super-sónica chegou à grande área adversária e fez explodir uma bomba no fundo das redes adversárias.
No banco também se festejava
O Benfica ainda deixou que o Boavista reagisse mais uma vez, numa daquelas jogadas que iria provocar muitos calafrios na época seguinte: Bola parada, Neno falha e... No entanto a equipa estava forte e não ficou abalada. Acabou por aproveitar que Futre era mais esperto que a defesa axadrezada e voltou a ter dois golos de diferença para no final Rui Águas molhar a sopa após uma bomba de Schwarz.

Um grande jogo de uma equipa de artistas que conseguiu impor o seu valor sem constrangimentos. Talvez por estarem a jogar fora de ambientes menos respiráveis, talvez por o árbitro ser quem era.

O que interessa é que o Sport Lisboa e Benfica deu um espectáculo de táctica e arte de um nível altíssimo e conquistou a sua vigésima segunda Taça em 29 presenças na final.
Até o presidente soares quebrou o protocolo e desceu à relva para cheirar os astros vestido de encarnado, outros tempos...
Algumas fotografias acima apresentadas, são da autoria do foto-jornalista Fernando Correia. Outras foram encontradas por aí e editadas por mim próprio.

Eram tempos diferentes. Eu até comprava o jornal A Bola. Leiam um bom pedaço de jornalismo que ainda não desapareceu. Apenas anda muito escondido, penso eu de que, tal como esta edição do dito jornal que encontrei no tal baú que muito tem para contar.
Crime foi o que se passou no campeonato...
Toni estava enganado quando afirmou que "A transparência não faz mal a ninguém". Pelos visto sempre fez, faz e irá fazer caro Toni... Até ao dia em que a lei não tenha medo das transparências.
Cruz dos Santos, outro que já perdeu um pouco da vergonha
Um crime esconder este Benfica... Enfim, crime foi o que se passou noutros campos. À 31ª jornada, a 16 de Maio, foi escolhido Carlos Calheiros (para relembrar sobre quem foi este personagem, cliquem aqui) para arbitrar o beira-mar Sport Lisboa e Benfica. Aos 61 minutos, Yuran foi expulso; Aos 86 o beira-mar adiantou-se no marcador para aos 90 minutos Pacheco receber também a ordem de expulsão...

Nesse mesmo estádio, a 30 de Maio, o porto venceu por 1-0. Jogo que viria a ficar conhecido por ter tido o braço activo do polvo corrupto. Através de uma rede de influências e interdependências, que estavam a ser erigidas acerca de uma década, o guarda-redes do beira-mar (Acácio) confessou que recebera pressões e propostas diversas para facilitar uma vitória do porto. Nesse mesmo jogo, o jornalista Carlos Pinhão foi selvaticamente agredido por elementos da guarda pretoriana do porto...

Ainda a 30 de Maio, O Sport Lisboa e Benfica defrontou o Estoril numa partida apitada por outro artista que muito ganhou com os favores que prestou ao polvo: pinto correia. Defrontou o Estoril em Coimbra! O resultado final foi um empate a zero e ficou consumada a reviravolta de posições no topo da tabela.

Assim se pode explicar melhor ou mesmo responder ao jornalista d'a bola, que tinha questionado na peça acima fotografada: "Não sabemos de quem foi a culpa, mas uma coisa sabemos nós... Foi um crime esconder este Benfica!" Ó serpa, tu sabias... Já não tinhas era muito estofo nem um pingo de coragem. Agora penso que já nem um pingo de vergonha tens...

Mas voltemos ao jogo em questão, ficam imagens de vídeo com mais qualidade das que andam por aí. Sempre considerei o golo inaugural de Vitor Paneira como uma das melhores jogadas de futebol de sempre.
Este jogo marcou o virar da página na vida do Sport Lisboa e Benfica. Na dita edição do jornal A Bola, também surgiram as primeira ondas do que viria a ser conhecido como o verão quente do Sport Lisboa e Benfica: As saídas de Pacheco e Sousa.
Mesmo Futre, no final da partida, atirava ao éter alguma frustração com o que se estava a passar no interior do clube.
Sim, a contratação de Futre tinha hipotecado alguns anos de transmissões televisivas. O próprio salário de Futre também não devia ser pequeno, pelo que alguns se aproveitaram para dar de frosques. Ficaram os que sabiam onde estavam, salvou-se o que se pôde.

Outros jornalistas iam pedindo desculpa e O Capitão lá apontava o dedo para algo que hoje já é uma realidade amadurecida.
Águas sujas em que navega o futebol Português...
Ó eládio, muitos icebergs mesmo... Que ainda não derreteram passados estes anos todos! Quanto ao jakim das ritas... Enfim, ter escrito em 1993 que "edifício de corrupção que, impunemente, se está construindo em Portugal", e continuar a portar-se muitas vezes como um amestrado... Mas na mesma edição deste jornal, encontrava-se resposta à dita pergunta do não sabemos de quem foi a culpa...
Poder de penetração da tv... Grande Wilson.
Mário Wilson já adivinhava como o dito poder de quem controla quem transmite as imagens, iria estragar o futebol cá em Portugal... Clarividência de alguém que, três anos mais tarde, viria em socorro do Sport Lisboa e Benfica para conquistar mais uma taça...

Para terminar num tom mais alegre, este jornal ainda me deliciou com este momento humorístico. Já nessa altura se inventava à brava...
Nosso, este foi nosso com muito orgulho.
Mas brincam com estas coisas? Preud'Homme não consegue dormir descansado à espera que lhe apareça um sportinguista e já sonha verde?

Foi um Verão muito quente, mas devido ao Benfiquismo de uns poucos Benfiquistas, a época seguinte ainda foi uma época à Benfica. O pior ainda estava para chegar...

E Pluribus Unum

1 comentário:

  1. A melhor final da Taça de Portugal que pude ver até hoje.Aqueles 90 minutos da final contra um Boavista de muita qualidade(e ainda por cima com as ajudas que o Major conseguia arranjar),com bons jogadores como Marlon,Artur e os ex benfiquistas Sanchez,Rui Bento e Ricky,foram o retrato perfeito daquilo que valia o nosso melhor plantel que eu pude ver.Até dá vontade de rir quando o actual presidente do Benfica afirma que esta epoca temos o melhor plantel dos ultimos 30 anos.Só para se ter uma ideia para alem do 11 inicial,ficaram no banco jogadores como Isaias,Helder,Pacheco,Silvino e Hernani e nem chegaram a ser convocados os 3 russos,mais José Carlos,Paulo Madeira,Samuel,Fernando Mendes ou César Brito.O jogo podia ter sido um passeio ainda maior,caso o William não tivesse falhado o penalti ou o Mozer e o Neno não dessem abébias nos golos do Boavista.Mas aquela orquestra do meio campo para a frente com Paneira,Paulo Sousa,Rui Costa,Futre,João Pinto e Rui Águas(tudo jogadores portugueses),quando os deixavam jogar não davam hipoteses a ninguem.Só foi pena que dias depois o mercenário Paulo Sousa trai-se quem fez dele um grande jogador,mas infelizmente um homem que cospe no prato de quem lhe matou a fome.Nessa equipa o meu jogador favorito era o grande nº 7 Vitor Paneira.

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Ok digam o que bem entenderem.
Depois eu vejo