quarta-feira, 13 de junho de 2018

Jogos Imortais: SL Benfica 2 Sporting 1 (TdP: 1986-1987).

Prefiro sempre Benficar. Deve ser genético!

Esta é a partida que fechou em beleza uma temporada tremendamente difícil para o Benfica, a temporada de 1986-1987.
Logo de início, foi a época que marcou a transição de presidentes: Fernando Martins para João Santos, com a ascensão de Gaspar Ramos... E, especialmente pelo lado positivo, de Jorge de Brito.
Isto em finais de Março de 1987.

O investimento no futebol tinha sido relativamente contido:
Martins contratou alguns jogadores, mas só nomes como Chiquinho, Dito, Edmundo e Tueba, foram importantes no decurso da época. Por outro lado, (pelo menos um de forma algo incompreensível), a grande espinha dorsal ou ficou envelhecida ou foi despachada: Pietra, Bastos Lopes e José Luís. Shéu manteve-se (já com 33 anos) e Manuel Bento... Bem o grande Bento tinha-se lesionado em Saltillo, no mundial do México, foi um grande rombo (nota: Se não me engano, Silvino já era jogador do Benfica tendo sido empestado na época anterior ao Aves)!

O grupo era, na generalidade, de relativa boa qualidade para encarar as provas nacionais. Existiu a transição do 4-4-2 para um 4-5-1/4-3-3 pois Mortimore viu que com 2 avançados não ia a lado nenhum até porque Manniche estava a envelhecer e ninguém mais novo veio para acompanhar Rui Águas na frente do ataque.

Em Dezembro de 1986, a equipa apanhou um valente correctivo do Sporting. Terá servido de lição porque, apesar de alguns soluços, especialmente na recta final do Campeonato com 3 empates consecutivos, a equipa chegou ao dia 24 de Maio de 1987 com a possibilidade de se sagrar Campeã Nacional pela 27ª vez e:
A Taça das Taças foi uma desilusão.

A Taça de Portugal uma maravilha.
Fiquem com este vídeo que retrata a caminhada do Benfica até à final e que, tal como o vídeo anterior, foi uma cortesia de Bakero do 👉 Memória Gloriosa 👈 a quem agradeço pela paciência em me aturar.
Fico sempre um pouco mais feliz ao recordar estes tempos de meninice. Tinha 15 anos, mais coisa menos coisa...

E... O Benfica chegava a mais uma Final da Taça, a terceira consecutiva. Chegava como Campeão Nacional, algo que não se afigurava possível no início de temporada. Iria defrontar o 4º classificado do Campeonato Nacional que por alturas do tal correctivo já frequentava a mesma posição na tabela classificativa.

Mas estas partidas entre os rivais da segunda circular, naquela altura não estavam presas a nenhuma ideia preconcebida! A rivalidade com o Sporting, era somente desportiva e nunca acicatada por líderes imberbes.
Esta é uma situação onde se pode confirmar que havia respeito entre os atletas de ambas as equipas: Oceano e Duílio a ampararem o lesionado Chiquinho.

Bem, adiante... No Benfica, vivia-se uma sensação esquisita! Aparentemente, Gaspar Ramos tinha despedido John Mortimore... Treinador Campeão! Para bem do Benfica, Mortimore foi um senhor até ao fim, daí que quem se lembra dele, o tenha em enorme consideração. Eu era um jovem mas não me esqueço!

O treinador inglês, que tinha o apoio dos jogadores, não foi de modas e apresentou a equipa mais rotinada, aquela que lhe dava mais garantias:
Para que conste, aquele meio-campo e laterais (Veloso, Álvaro, Sheu, Nunes, Carlos Manuel e Diamantino) estavam a jogar a 3ª Final de Taça consecutiva (Veloso falhou a de 1984-1985 mas já cá andava há muito tempo)... Isso deve significar qualquer coisa certo? Era uma âncora para os estreantes como Silvino, Dito, Edmundo e Chiquinho.

Quanto ao Sporting, Keith Burkinshaw tinha substituído Manuel José pouco depois do tal correctivo e, tal como em 1993-1994 quando expulsaram Bobby Robson e o substituíram por Carlos Queirós, o treinador substituto cometeu um erro no lado esquerdo da sua defesa: Colocou Virgílio (central) em detrimento de Fernando Mendes (Lateral):
O Estádio do Jamor estava a rebentar pelas costuras e eu... Bem, eu fui ver a partida a casa de um primo. Ele é Benfiquista mas o pai é do Sporting! Foi interessante pois festejar dois golos e a vitória do Benfica em casa de Sportinguista... Vai lá vai, mas tudo na boa e sem problemas.😎

Tive de ver a partida de novo para vos escrever este artigo pelo que terei de resumir o melhor possível a minha intervenção neste tema: Jogo de grande intensidade física e táctica (muitas disputas no meio-campo). Cedo, o Benfica apercebeu-se que o calcanhar de aquiles do Sporting estava no seu flanco direito e por aí tentou sempre canalizar o seus ataques à baliza de Damas.

Com algumas jogadas de perigo para ambos os lados mas sempre com as equipas mais preocupadas em não dar espaços nas defesas, o Benfica abriu o marcador através de uma execução formidável de Diamantino na marcação de um livre directo.

No lance que originou o livre, o brasileiro Chiquinho (um dos esteios da equipa durante a temporada) saiu lesionado dando lugar a Wando... Cerca de 5 minutos depois! Sim o Benfica jogou cerca de 5 minutos com 10 jogadores em campo! Mas a alteração até acabou por ser benéfica para a equipa na segunda parte visto que Wando estava mais fresco que o lateral direito do Sporting.

Na segunda metade, o Benfica cerrou ainda mais as suas fileiras. Quer Diamantino quer Wando, nunca foram muito expansivos e somente atacaram pela certa. O plano era fazer com que o Sporting aumentasse distâncias entre a sua linha defensiva e Damas de modo a que o Benfica tivesse mais espaço para atacar com menos jogadores possíveis.

O segundo golo do Benfica acabou por aparecer depois de uma gracinha do banco de suplentes do Sporting (ver mais à frente), e é mais um lance formidável de Diamantino numa fantástica transição ofensiva.
Com 2-0, e já com uma alteração forçada, Mortimore só poderia refrescar o seu meio-campo de modo a conseguir equilibrar as tentativas de assalto do Sporting. A esta distância, parece que o treinador inglês foi adiando o máximo possível mas acabou por ter de o fazer após o Sporting ter reduzido por Marlon.

Nos últimos minutos, esperava-se um forte assédio final por parte do Sporting mas a equipa do Benfica, já com Tueba em campo, ficou um pouco mais forte e conseguiu sempre suster o ímpeto final do Sporting tendo até tido algumas situações em que...

Vitória justa numa grande partida de futebol entre dois rivais históricos numa altura em que existia um pouco mais de respeito.

Fiquem agora com a crónica do jornal A Bola que guardo religiosamente. Aliás, há um pedaço de história que não me sai da memória... Quando comprei este exemplar, o homem do quiosque soltou um "tão pequenino e já gastas dinheiro em jornais! Olhe se os teus pais sabem"...
Para além da crónica, muito interessante ver Gaspar Ramos a tentar desenrascar-se da alhada em que se meteu ou tentar guardar segredos públicos... Também interessante é ter a percepção de que A Bola não era assim tão Benfica! É que os seus jornalistas não branquearam a situação e criticaram-na abertamente. Os lóbis ainda deveriam estar em fase de construção!

Outra memória interessante que recordo dos tempos de liceu... De facto eu e os meus colegas já tínhamos cada um os nossos clubes, o interessante é que mesmo com 15 anos de idade, não desperdiçávamos tempo a discutir futilidades como acontece hoje em dia. O que a malta queria era chegar ao pelado da escola o mais depressa possível para fazer aquelas jogatanas de 10 minutos onde nem escolhíamos equipas Benfica contra Sporting... Somente queríamos imitar os nossos ídolos. Nunca consegui fazer um como o segundo de Diamantino; É um dos melhores golos que já vi na minha vida.

Outros tempos.

Esta é a crónica do Diário de Lisboa:
Uma infelicidade que as fotos não tenham mais qualidade...

Isto foi à 31 anos atrás pelo que fotografias... Só com alguma imaginação é verdade mas aqui estão as que consegui ter em condições para vos apresentar:
Esta última foto, antecede o primeiro golo do Benfica. Fiquem agora com fotos dos 2 golos de Diamantino:
Altura da festa e da recepção da Taça por parte de Sheu:
Como escrevi lá mais para cima, esta foi uma partida de grande embate físico e de guerra táctica pelo que o resumo de vídeo não terá muito de jogo e sim mais de emoções. Aqui está ele:
Gostava de tecer algumas considerações sobre um jogador presente nesta final a quem não se dá o devido mérito (eu incluído): Adelino Nunes.

Talvez não fosse um jogador elegante como outros mas no entanto, Nunes foi fulcral na conquista por parte do Benfica de 3 Taças de Portugal! Na de 1984-1985, marcou o primeiro golo; na de 1985-1986 voltou a fazer o mesmo... Nesta última, está na jogada e na assistência dos 2 golos de Diamantino... Mas há mais. Quem marcou o segundo golo frente ao Sporting no jogo do título desta mesma época (jogo que viram lá em cima no primeiro vídeo)? Ou, se não fosse um certo golo que marcou, talvez o Benfica não tivesse ido à final da Taça dos Campeões na época seguinte a esta...

Adiante...

Era, com a designação de Taça de Portugal, a 48ª edição desta prova e o Benfica conquistava-a pela 21ª vez (O Benfica totalizava tantas conquistas quanto Sporting, Porto, Boavista e Belenenses juntos até essa data - 11+5+3+2), finalizando uma época em que das fraquezas e revezes se fez força imparável que resultou na última dobradinha do século XX.

Depois... Bem, nada como seguir a cronologia dos Jogos Imortais aqui já publicados e conhecer mais a história do clube. É só clicar aqui. E garanto-vos que é o melhor a fazer durante este período de turbulência onde de futebol há pouco.
💪
E Pluribus UNUM!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Ok digam o que bem entenderem.
Depois eu vejo