CL 15/16 - 1ªJ: SL Benfica 2 Astana 0

E foi o que estava à espera. As coisas são o que são em tempos de transição caros leitores.

Fim de Terça chuvosa = A meia casa?

Já escrevi sobre este assunto várias vezes: Em tempos de mudança das duas uma, ou se parte o espelho (para o reconstruir com os riscos inerentes) ou se molda o espelho (operando mudanças mais suaves que o tempo irá dizer se foram bem feitas).

Ontem, RV apostou na mesma dose frente a um adversário mais fraco (mas mais forte que o belenenses) mas numa prova diferente, com outras características. Certamente terá planeado a partida e incutido o espírito necessário nas cabeças dos jogadores para que os três pontos ficassem por cá.

O Astana é melhor que o belenenses. Pelo menos na forma posicional defensiva... Se Gaitan e Jonas tentaram puxar a defesa adversária para fora da toca, não conseguiram. As movimentações estavam lá mas o tal forte e super disciplinado sentido posicional do adversário parecia intocável, eles mantinham as suas posições e os cruzamentos não resultavam porque a defesa era alta e sólida.

Temos depois o nosso meio campo. Na primeira parte simplesmente desastrado ou não operacional. Talisca, que teve um dia não, não era capaz de criar transições e estava muitas vezes fora da sua posição. Ele está a aprender a jogar ali a número 8. A conhecer a sua posição, a ocupar espaços a prever movimentações a antecipar-se ao adversário. Não fez isso a época passada... Vai demorar o que tiver de demorar se continuar a ser aposta.

Samaris andava a chegar muito em cima da hora às disputas e errou muitos passes fáceis, tendo visto uma amarelo.

O Primeiro onze europeu de RV

Acresce ainda escrever algo sobre a ala direita: Muito novos? Sim. Esta malta nova (Gonçalo e Nelson) sabe ao que vai e na minha perspectiva, está na fase de construção de uma carreira que se aguarda seja fantástica. Mas ainda não o é. Se o Nelson parece um pássaro livre que vai onde quer (excelente capacidade física - estou quase a esquecer-me de quem o antecedeu), o Gonçalo, talvez com a palestra de RV na cabeça, já não teve a amplitude que uma ala costuma a ter. Esta ala foi mais contida, talvez para não descompensar muito a equipa nas transições defensivas.

Mas afirmar que Gonçalo Guedes afinal não é aquilo que se pintou por muito tempo é um erro crasso de avaliação. Com Salvio nas boxes por muito tempo, a luta por este lado será entre Gonçalo e Vítor. Para o bem e/ou para o mal, ambos irão atravessar uma fase de aprendizagem muito importante para as suas carreiras. Até Dezembro, têm garantida a presença em três provas diferentes, com nuances distintas mas com o mesmo objectivo: Ganhar! O tempo não será aliado deles. Eles é que terão de, no tempo que tiverem, aproveitar para aprender a viver com a pressão e ao mesmo tempo mostrar e aperfeiçoar as suas características.

Com a dificuldade que se estava a sentir a crescer (uma bola no poste da baliza de Júlio César), como poderia o Benfica dar um safanão? Bola parada talvez? Não. Lance fortuito? Também não. Tinha de ser com paciência e eficácia de passe. Já na primeira parte, Jonas teve a oportunidade de marcar mas...

Na primeira jogada de futebol mais fluída do Benfica na segunda parte, com Mitroglou e Jonas a cavarem um fosso na defesa do Astana, Gaitan viu e agiu de forma supersónica! Foi um movimento de ruptura fantástico na concepção, transporte e conclusão.

O Astana titubeou, o Benfica falhou o segundo golo logo de seguida em mais um ataque muito bem desenhado (outra vez em profundidade), Gaitan e Jonas (já livre de restringimentos) orquestraram, Eliseu transportou e Mitroglou concluiu. O avançado Grego, parece-me, pode vir a ser muito útil à equipa...

Nesta altura, já Samaris era o patrão do miolo, fazendo um jogo muito bom... Valendo por dois... Dois zero, nesta altura já os três pontos estavam quase ganhos e houvesse mais discernimento e outras contas poderiam ter sido feitas.

Era tempo de mexer e nisso RV parece ser melhor do que quem o antecedeu. No entanto, se a entrada de Pizzi foi positiva, talvez devesse ter sido Talisca a sair de imediato. Mas compreendo RV: Opções de transição leve para não baralhar a equipa de forma abrupta. O Benfica ficou com três médios mas em termos ofensivos deixou de existir. Depois veio a troca de Jiménez por Talisca mas Samaris já estava cansado e não podia arriscar-se a ver o amarelo... O Astana começou a crescer. Fejsa entrou, para o lugar de Samaris e o meio campo não equilibrou muito porque se Gonçalo ainda estava para as curvas, o mesmo já não se poderia dizer de Gaitan que para além de estar desgastado, começou a levar nas canelas.

Festejar é bom. Continuem a trabalhar para o conseguirem

As descompensações foram minimizadas mas por mais que Pizzi tentasse, já não havia equilíbrio posicional na equipa para ele armar jogo ofensivo. 

Foi um jogo sofrível? Respondo com um foi o jogo possível. Nada como descer à terra em segurança e não em desgraça, depois de um voo alto demais (mas justo) para a época presente. Dois zero! Bom resultado que equivale a três pontos que era o exigido com mais ou menos nota artística. A equipa ainda se está a conhecer e a construir (espero eu até porque há jogadores que...).

Venha o Atlético de Madrid... Depois do porto claro.

O árbitro Grego teve uma actuação normal para um jogo daqueles. Há um pisão de Eliseu (fora da área) que é tão ao de leve que quase que não deu para ver. Há um amarelo que ficou por mostrar a alguém do Astana mas para além disso, não há mais nada a assinalar... Pelo menos que eu me lembre!

PS: Entretanto...

E Pluribus UNUM

Gracias Nico.