Simplesmente... Toni! (II)

E... Como continuar a História de Toni no Benfica após a segunda chegada de Eriksson, sabendo que vai começar bem, atingir o cume e acabar em lágrimas? Fácil, é só arrepiar caminho que o Benfica nunca para desde 1904. A história é imutável... Escreve-se e por mais que a tentem apagar ou modificar, está lá como foi.

Depois de se ter tornado Campeão Nacional, mas ter perdido a final da Taça de Portugal para o Belenenses e ter tido uma campanha europeia fraca, os dirigentes do Benfica (João Santos e Gaspar Ramos) queriam mais... As memórias dos anos sessenta eram fortíssimas e não bastavam os títulos caseiros.

Regressou Eriksson e Toni foi mais uma vez um super adjunto. Mais uma etapa de aprendizagem feita com aprumo numa época em que o braço corrupto do norte se abatia por todo o continente e por todos os desportos. Com Eriksson e Toni, o Benfica sagrou-se por uma única vez Campeão Nacional... Mais nada venceu... Eriksson foi outra vez à sua vida que isto em Portugal era uma podridão nojenta... Ficou Toni, que deveria saber que Gaspar Ramos não o iria promover, à espera de quem viesse. E veio um imbecil chamado Ivic que tinha ganho muito no clube da fruta mas que... Que falhou tendo Toni vindo em socorro do seu clube como sempre...

O Benfica ainda foi a tempo de vencer a Taça de Portugal dessa época mas sucumbiu ao extremo Benfiquismo de Jorge de Brito que deu mais do que podia e na hora de devolver... Chapéu!!!

Sem dinheiro para pagar, as hienas vieram chafurdar nos nossos recursos humanos mas quase todos resistiram e prepararam-se para uma nova época... E que época viria a ser com Toni no leme...

Mas o novo presidente, que já tinha feito parte da listas de Fernando Martins, que fez regressar Gaspar Ramos e que introduziu Manuel Vilarinho no clube (que depois...), queria ir pavonear-se pelos grandes palcos europeus... E despediu de forma covarde o treinador campeão...

Convém agora, recordar pelas palavras do próprio Toni, tudo o que se passou naquele final de época, em termos desportivos e pessoais:

Ainda Toni:

Este novo presidente, trouxe um poeta cheio de veneno para o clube - um verdadeiro cavalo de troia que destruiu por completo o Benfica em duas épocas.

Toni ainda foi director Desportivo mas já não havia nada a fazer... Começou a ser visto como uma espécie de D. Sebastião tendo regressado numa manhã sem nevoeiro ao Benfica em 2000 após Vilarinho (que tinha vencido o artista Vale e Azevedo) ter despedido José Mourinho.

Mas o futebol estava diferente em Portugal. Era coisa para escroques que o apito dourado haveria de desmascarar e a lei não condenar. Toni não foi capaz de fazer com que o Benfica desse a volta à situação e acabou por ser despedido por outro pulha do futebol português num célebre boavista 1 Benfica 0:

"A culpa não morre solteira"... Pois... Uma saída ingrata para um enorme Benfiquista! Acontece.

Mas são as memórias que o tempo às vezes parece querer fazer esquecer, que trazem a razão de volta. Toni ainda é visto por muitos como aquele tipo bonacheirão porreiraço que andou pelo Benfica...

Cada um tem o seu próprio modo de ver as coisas e eu também tenho, por isso é que o considero um grande modelo que esculpiu parte do meu Benfiquismo ao longo dos anos oitenta e princípio dos anos noventa.

Imagens após um lance aparatoso em que Toni lesiona gravemente um jogador do porto, Marco Aurélio. Toni não se conseguiu conter chorando desalmadamente... Não aguentando e em estado de choque pelo infortúnio que tinha causado de forma involuntária a um colega de profissão, pediu para sair...

Com vinte e dois anos de idade, aprendi que também se pode chorar por um amor intangível, invisível mas que está ali por todo o lado...

O Benfica!
E Pluribus UNUM